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6 de janeiro de 2019

Desportiva Ferroviária futebol feminino






Desportiva futebol feminino em 2009




Que a Desportiva Ferroviária é um clube de currículo respeitável e grandes conquistas no futebol masculino o Brasil todo já conhece, único time do Espírito Santo com título nacional(Brasileiro de Juniores 1995), 51 partidas sem derrota (3ª maior série do país), várias vitórias contra equipes de Norte a Sul do país e até contra seleções nacionais. Mas que o clube é pioneiro no futebol feminino poucos sabem, nesta matéria vamos contar um pouco da história do time feminino da Desportiva, a matéria vai mostrar o quanto o clube contribuiu para difundir o esporte bretão entre as mulheres, e justamente em um período onde o que mais se ouvia era que "futebol é coisa de homem" e que mulher devia ficar em casa e nem na arquibancada era seu lugar.
Durante o Estado Novo por exemplo, sobre a tutela de Getúlio Vargas entre 1937-1945, foi criado o decreto 3.199 em 1941, que proibia as mulheres de praticar esportes considerados incompatíveis com suas condições biológicas, beisebol, todas modalidades de luta, além de halterofilismo e é claro o futebol. Mas as mulheres lutaram, mesmo que não nas artes marciais e conseguiram acabar com um pouco dessa guerra machista após alguns anos, o decreto foi revogado apenas em 1978, segundo algumas informações em 11 de março, mas sem antes terem regras criadas pelos homens é claro. 
As partidas ocorriam em 70 minutos e não em 90, a bola não era tamanho 5 como no masculino, era tamanho 4, a única coisa igual eram as dimensões do campo. Mesmo com todas as barreiras na Desportiva já existia uma equipe feminina mesmo no período de proibição, por isto a Tiva é pioneira, tanto que em 1980 já havia uma equipe grená feminina forte idealizada por Delton Bitttencourt, diretor amador da Desportiva Ferroviária na época. Em 1983 a Desportiva ostentava um recorde de dar inveja, foram mais de 50 partidas de invencibilidade, batendo até mesmo o recorde da grande equipe grená de 1967/68 que ficou incríveis 51 jogos sem derrotas, pena que não se tem material sobre a lista de vítimas grenás. 
Um registro que se tem de uma dessas várias vitórias foi diante do Estrelinha de Jucutuquara, Sônia Fraga foi um dos nomes da sonoro goleada de 9x0, ela começou uma jogada antes do meio campo, passou por 3 adversárias, antes de tocar para Marluce ponta direita que se livrou de outra adversária bateu cruzado e adivinhem qual foi o pé que estufou as redes do Estrelinha, Sônia que havia começado a jogada, o time titular abriu 6x0 na primeira etapa, no segundo período a Desportiva entrou com time reserva e seguiu com ritmo forte marcando mais 3 vezes o Engenheiro Araripe.  


Grande Delton e as craques grenás

Mas como já era de se esperar nem tudo eram flores, na verdade era quase sempre espinhos, entre 1980 e 1983 a Desportiva havia disputado 122 partidas onde só havia perdido uma única partida, mesmo assim a diretoria grená deu a terrível notícia de que não teria mais verba para manter a equipe feminina em atividade, nem bancar os treinamentos no Araripe nem materiais mais, pois bem, mesmo assim as meninas seguiram firme no futebol, Delton dividiu as meninas em equipes de bairro que seguiam se chamando de Desportiva mesmo sem o vinculo com o clube grená, era uma espécie de seleção feminina, que se juntava quando havia um desafio pela frente, mas era algo raro pois naquela época se supõem que haviam apenas 25 equipes espalhadas por todo solo espírito santense, cerca de 500 jogadores, mas nem os clubes tradicionais como Desportiva, Vitória e Rio Branco nem a FED Federação Espírito Santense de Desporto investiam, a alegação mais usada naquele período era de que futebol seria uma atividade perigosa para as mulheres, capaz de feri-las gravemente durante uma disputa mais séria, até uma bola dominada no peito era "tabu", pois os homens achavam que a bola batia no seio e machucava, mas as próprias mulheres deixavam claro que não dominavam no seio, dominavam um pouco acima dele, era uma debate cercado de mitos.

A  locomotiva que não descarrilhava


Jussara goleira grená argumentava o seguinte, se as mulheres se jogam para fazer a defesa identicamente feito os homens, dão carrinho, cabeceiam, e etc qual motivo de não tornar o futebol feminino profissional também se elas faziam tudo que os homens faziam. 
Ana Regina outra goleira grená também argumenta, "futebol é algo natural, porque vem de dom, começa cedo no colégio, você vê que tem jeito para a coisa e vai em frente. Eu comecei no Ipiranga."
Elza Costa também jogadora rejeita o argumento utilizado pelos que combate o futebol feminino de que homem é mais bem preparado tecnicamente, "Eu posso ficar tão bem quanto um homem se tiver tempo para treinar, treinamento e essencial, mas nós não podemos treinar porque temos que trabalhar, estudar e tudo mais." 
O que as 3 concordavam era que o preconceito era muito grande, mas antes era maior, Jussara afirma que o fato de existir a Desportiva foi o que mais combateu essa situação. 
"Hoje a gente vê as jogadoras chegarem para treinar com namorado, marido, noivo, antes não. Mas o preconceito ainda existe." 
Mesmo sem nenhuma das garotas sofrendo lesão seria durante os 122 jogos contrariando a mística de que o esporte bretão era perigoso para o "sexo frágil", mesmo assim nenhuma das 25 equipes tiveram chance de disputar sequer um campeonato, provando que a liberação do futebol para as mulheres era mais teórica e restava a elas lutarem para conseguir na pratica realmente.


Treino no Estádio Engenheiro Araripe


Pequeno registro provando que a Tiva era uma máquina de vitórias


Na imagem tanto time feminino quanto masculino da Desportiva no lançamento dos mantos de 2007


Décadas se passaram e o futebol feminino passou ser mais bem quisto, hoje a Copa do Mundo por exemplo chama as atenções de todo o Mundo que acompanha até na TV aberta algumas partidas decisivas, no Espírito Santo finalmente acontece o Campeonato Feminino de Futebol. Foi a partir de 2000 que o futebol feminino começou ganhar mais espaço e respeito mesmo que a passos lentos. 
Em 2007 veio a primeira Copa do Brasil de Futebol Feminino, e a Desportiva foi a primeira equipe capixaba representante, a equipe grená ficou na Chave 13 encarando o Nacional de Uberaba/MG. 
Na partida de ida no Engenheiro Alencar Araripe vitória da Tiva por 2x1 em 02 de novembro de 2007. 
A volta em Santa Luzia em 08 de novembro no Estádio Victor Andrade de Brito Frimisão, o time grená sucumbiu perdendo por 4x0 se despedindo da competição. 
Peter Falcão clicou as grenás na primeira Copa do Brasil de Futebol Feminino

 A Desportiva disputou a Copa do Brasil em mais duas oportunidades, em 2008 quis o destino que a Tiva encarasse o Santos/SP logo de cara, acabou sendo eliminada após revés por 5x0, detalhe que o Santos foi o time campeão vencendo todas as suas 10 partidas mostrando o tamanho da força do adversário que a Tiva teve que encarar. 
No ano seguinte foi a vez do CEPE Caxias de Duque de Caxias/RJ, elas foram as algozes grenás vencendo por 5x1, no ano seguinte o CEPE seria a campeão da Copa do Brasil.
Nos anos seguintes a Desportiva manteve uma equipe feminina mas sempre sofrendo muito para se manter, mesmo assim as meninas conseguiram repetir uma boa sequência de partidas sem derrotas, foram mais de 30 segundo algumas lembranças deste que vos escreve no blog.    

Equipe feminina de 2009 de ficou várias partidas sem derrotas, aqui era mais um triunfo, este no Estádio Salvador Costa.


Desportiva 3x2 Jardinense em 17 de junho de 2012 quando clube completava 49 anos de fundação 



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